Reportagem Especial: O carinho do brasileiro pela Rede Manchete continua firme e forte!

Acontece no Brasil

Por Arthur Vieira - Escritório de São Paulo/SP

10 anos se passaram e o reconhecimento pelo trabalho que Adolpho Bloch fez pela TV brasileira continua sendo reconhecido pelos brasileiros e pelas emissoras co-irmãs

Em 1999, uma das maiores redes de televisão do Brasil saia do ar. Já fraca e sem recursos, a Rede Manchete deixava de existir na tela da TV, mas não no coração dos brasileiros que acompanharam os melhores programas da TV brasileira durante os 16 anos em que ficou no ar.

Vamos nesta reportagem especial, mostrar que nestes 10 anos após o fim da Manchete, ela continua no dia-a-dia do telespectador brasileiro.

Quando a Rede Manchete foi vendida por Jaquito, sobrinho do fundador, Adolpho Bloch, falecido em 1995, ela foi dividida em duas partes, onde uma que incluía as concessões e responsabilidade sobre as dividas trabalhistas, foi assumidas por Amilcare Dalevo, atual dono da RedeTV!, E a outra parte incluindo equipamentos e arquivos foram destinados à massa falida da emissora, sob o nome de TV Manchete Ltda.

Desde então, a emissora não saiu das páginas dos jornais. Em grande parte das matérias, o nome da Rede Manchete estava envolvido nos escândalos referentes à briga dos ex-funcionários da TV Manchete, que afirmavam não ter recebido os pagamentos atrasados por parte da TV Ômega, mais conhecida pelo nome fantasia, RedeTV!

Mas, a Rede Manchete também figura na parte boa da TV Brasileira. Em 2005, o SBT, adquiriu da Bloch Som e Imagem, produtora de novelas da Rede Manchete criada em 1995 após a primeira venda da emissora em 1992, a novela Xica da Silva, grande sucesso lançado em 1997. A emissora de Sílvio Santos conseguiu altos índices de audiência com a novela e despertou o interesse das concorrentes, como aconteceu com a Rede Bandeirantes (Band), que reprisou no ano seguinte, a novela Mandacarú, a última novela completa da Rede Manchete, que foi sucedida por Brida, em agosto de 1999.

Mas não para por aí. Em 2007, a emissora por TV a cabo, Canal Brasil, pertencente à Globo SAT, começou a reprisar as edições do famoso “Documento Especial – Televisão verdade”, lançado pela Rede Manchete em 1989 e exibido em outras emissoras, como SBT e Band a partir de 1992. O Programa está sendo exibido nas quintas feiras no horário das 00h, e reprisado aos sábados, 02h da manhã.

O maior fenômeno da Rede Manchete estava por vir. Em 2008, o Sistema Brasileiro de Televisão, SBT, lança a seguinte enquete: “Qual novela você gostaria de rever?”. Durante os depoimentos exibidos durante a programação do canal, a maioria escolhia por rever o grande sucesso, “Pantanal”, escrita por Benedito Ruy Barbosa, em 1990, a novela conseguiu bater a audiência da Rede Globo por mais de 53 pontos de pico e 43 pontos de média, marca essa nunca alcançada por nenhuma telenovela brasileira após o fim da TV Tupi e produzida por outra emissora que não fosse a Rede Globo de Televisão.

A novela entrou no ar 18 anos depois de sua primeira exibição e após dez anos de sua última reprise. O Brasil pensou que nunca mais iria ouvir os tuiuiús do Pantanal, mas eles estavam lá novamente, e o SBT conseguiu se recuperar de uma forte crise no horário nobre, com audiência superior a 20 pontos de pico, tirando assim, a vice- liderança da TV Record no seu horário de exibição: 22h – 23h.

Quando acabou a reprise de “Pantanal”, o público ficou com saudade da Manchete e pediu bis, o SBT atendeu e em abril, a seguinte chamada é apresentada ao publico: “Vem aí mais um grande sucesso da Rede Manchete, em breve”

No Brasil inteiro a expectativa era de entrar no ar a reprise do grande sucesso que sucedeu “Pantanal”, a novela itinerante, “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, mas não foi o que aconteceu. Logo após a exibição do capítulo da novela “Revelação”, a emissora de Silvio Santos, anuncia que adquiriu da massa falida da TV Manchete, a novela Dona Beija, e que os que trabalharam na obra produzida pela Rede Manchete em 1986 deveriam ir até a sede da emissora receber os direitos referentes à exibição da mesma.

A novela começou a ser exibida no horário das 22h30min, mas logo foi transferida para as 23 horas, porque a novela inédita “Revelação” estava marcando apenas dois pontos enfrentando a gigante da Globo, “Caminhos da Índia”.

A audiência de “Dona Beija” começou a despencar, chegando a marcar 3 pontos no ibope, e logo começaram os cortes nos capítulos. A novela que já era curta, sua versão original possuí apenas 90 capítulos, agora ficou só com 71. Houve dias em que 3 capítulos de 1 hora eram compactados em capítulos de 45 minutos e em sua reta final, ficaram sendo exibidos em apenas 27 minutos.

Foram vários os fatores para a baixa audiência de “Dona Beija”, como vamos ver abaixo:

Fator Horário: A telenovela estava sendo reprisada às 23 e 10h, horário nada habitual para novelas, já que grande parte do publico acorda cedo no outro dia;

Fator Boicote: Quando o SBT começou a utilizar o nome Rede Manchete em suas chamadas para a novela, os fãs da emissora de Adolpho Bloch protestaram pelo fato de Silvio Santos estar lucrando com o nome da TV Manchete.

Fator Tesourinha Nervosa: Os constantes cortes nos capítulos da novela dificultavam o entendimento da história. O publico acusava Iris Abravanel, esposa de Silvio Santos e autora do remake de “Vende-se um Véu de Noiva”, pelos cortes. A emissora, por sua vez, respondia que os cortes eram por causa das fitas da Rede Manchete estar danificadas.

Após a exibição de “Dona Beija”, o SBT perdeu o interesse pelas reprises de novelas da Manchete. A presidente da emissora, Daniela Beyrute, quer lançar programas próprios e atuais, e não depender de reprises. Mas boatos de funcionários da Anhanguera dão conta que Silvio Santos está interessado em exibir ano que vem a novela “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, que já foi liberada pelo Ministério da Justiça.

Há alguns dias, a Rede Manchete voltou às páginas de jornal devido à decisão da justiça referente ao caso das indenizações de ex-funcionários. A RedeTV!, foi absolvida e não é responsável pelo pagamento de salários e nem indenizações de ex-trabalhadores da Rede Manchete de Televisão.

É, meus amigos, 10 anos se passaram e a Manchete não morreu. Isso mostra que a qualidade e a força de quem acredita no trabalho sobrevive e vive por toda a eternidade. A Manchete é uma emissora eterna e que sempre estará presente na vida dos brasileiros.