Um dos principais cenários de voo livre do país, o Cerro da Angélica foi novamente palco de uma decolagem inesquecível para os pilotos Luciano Horn, Alfio Júnior e Donizete Lemos. Utilizando equipamentos Sol Tracer TR2 e Ozone R11, o trio bateu o recorde Sul Brasileiro e Gaúcho de Parapente, sobrevoando 327km.
Por Eduardo Schneider
Pilotos percorreram 327 quilômetros, de Caçapava do Sul a Uruguaiana-RS
Segundo Rodrigo Motta, um dos integrantes do Clube Caçapava do Sul de Voo Livre, eles decolaram às 10h de sábado, dia 07, e pousaram, às 18h39min, no interior de Uruguaiana.
- Foram 8 horas sobrevoando belas paisagens do Estado. Os pilotos passaram por Vila Nova, São Gabriel, Rosário do Sul e Alegrete - afirmou Rodrigo.
A marca obtida pelos pilotos só perde para o recorde mundial de distância, que é de 461km, alcançados em 2007, no Ceará.
De acordo com Rodrigo, sol, tempo seco e muito vento formam a condição ideal para permanecer tanto tempo no ar.
- No parapente, é possível voar contra ou a favor do vento, sempre em queda. Os pilotos vão mapeando e analisando o percurso. A cada momento que um deles acha a condição melhor, a certa altura, ele procura a força de planeio e ganha essa altura perdida através de uma corrente de ar quente, chamada térmica - explica Rodrigo.
“Estas 8 horas de voo dariam um livro!”
Cheio de euforia e emoção, o relato de Alfio, um dos recordistas, revelou detalhes do voo e qual foi o segredo para conseguir cumprir o objetivo.
- A técnica, a empolgação e o arrojo de cada piloto colaboraram para que tudo desse certo. Quando calculamos as médias de velocidade no inicio do voo, vimos que poderíamos fazer fácil os 300km. Porém, em São Gabriel, a condição piorou e a média caiu. Para se ter ideia, voamos uns 40 minutos nos segurando. Confesso que achei que o dia estaria perdido. Como o voo não é uma coisa tão exata e não se pode desistir nunca, perto de Rosário do Sul, a condição melhorou e, junto, veio à alegria. Aproximadamente 50km depois, nós três fomos ao chão. Não dava para acreditar que estaria tudo perdido.
Então, veio um momento de cinema: pegamos umas bolhas fortes e com muito vento. Acho que este foi o pior momento do voo, por estarmos baixo e pelo risco que estávamos assumindo. Mas, como nenhum dos três largou, voamos uns 15km a 300m ou 350m. Momento tenso demais, mas, em seguida, conseguimos estabilizar o voo.
Quando rumamos para Alegrete, mesmo no ar, aproveitamos para fazer um lanche. Rodando uma térmica no quilometro 285, resolvi sair um pouco para a esquerda, ficando uns 300m menos que eles e, então, desliguei o rádio e pensei: é agora ou nunca, se andamos até aqui, vou tocar em frente.
Passamos o quilometro 294 a 1000m do chão e cruzamos os 300km cientes de que o recorde era nosso. Juntamos uma vela ao lado da outra, definimos como e onde seria o pouso e os últimos 27 km foram só euforia. Sem dúvidas, estas 8 horas que fizemos foram demais, dariam um livro - finalizou o piloto.
Esporte vem crescendo no país
Praticado no Cerro da Angélica, que é de propriedade particular de Carlinhos Moraes, o voo livre vem crescendo na região e no país. De acordo com Rodrigo Motta, somente no último final de semana, 25 pilotos, muitos de outros Estados, decolaram do morro, que tem 250m de altura.
- Quem quiser participar tem que ter mais de 18 anos e fazer o voo duplo. Se gostar, começa o curso, que dura 5 meses. Terminando o curso, está apto para voar.
O investimento em equipamentos gira em torno de R$3mil a R$10mil e envolve a compra de vela (asa), selete (cadeira), paraquedas reserva e eletrônicos (altímetro, GPS, rádio), que são opcionais - disse Rodrigo.
A próxima edição do Campeonato Gaúcho de Voo Livre começa em fevereiro e terá a primeira etapa em Sapiranga, nos dias 25 e 26. Quem representará Caçapava são os pilotos Marcos Lacava e Rodrigo Motta.
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